Fomos recentemente ao casarão mais antigo do agreste pernambucano, uma verdadeira cápsula do tempo que respira histórias de quem passou por ali antes mesmo de a cidade nascer. A expedição não poderia ter tido um time melhor: meu amigo Charles Antiguidades chegou animado com as teorias que coleciona sobre os objetos que podem ainda estar escondidos entre as paredes; Seu Juarez e seu filho Rubiano, que trazem a experiência de detectorismo; a fotógrafa Williana Nunes, que transforma luz em memória com cada clique; Maxuel Rodrigues, o presidente do Museu do Homem do Campo, que trouxe a bagagem de quem sabe ler a história que a terra tenta contar com o seu olhar de museólogo e artista; e eu, John Wesley, buscando unir passado e presente na trilha desse imóvel histórico. E é claro, a expedição contou com o apoio de equipamentos que vão muito além do olhar: leitores de terreno e detectores, instrumentos que ajudam a mapear o invisível que se esconde sob a poeira da memória.
Ao chegarmos, a primeira impressão foi de estar diante de uma pele de cores que ainda pulsa. A vegetação, resistente e delicada ao mesmo tempo, desenha a moldura perfeita para o casarão. Trepadeiras que já observaram muitas estações entrelaçam-se em volta das paredes, enquanto os galhos dançam ao vento do interior do agreste. A expedição começou com o mapeamento do terreno. Usamos os leitores de solo para perceber as camadas invisíveis que delineiam o que resta do casario: cantos que já foram sala, quarto e cozinha; alicerces que resistem como testemunhas de um passado que não pode ser apagado. Os detectores eregiram o seu silêncio técnico, e cada beirada de metal ou aterro diferente ali no chão parecia contar uma nova linha de uma cartografia antiga, quase como uma partitura que só os instrumentos de leitura do terreno podem decifrar. Foi fascinante ver a sinergia entre ciência e memória: números que não contam histórias por si só, mas que ajudam a traçar o rastro onde a curiosidade humana quer chegar.
Entre uma verificação e outra, registramos imagens que não são apenas recordação, mas material para o documentário “O Casarão do Agreste Pernambucano”. Williana Nunes captou a luz em suas nuances mais sutis. Cada clique é uma cápsula que, junto com as leituras do terreno, poderá compor um quadro amplo da geografia emocional deste lugar.
Tive a alegria de acompanhar de perto a vegetação que cerca o casarão. A cada passo, a mostra dessa terra tão cheia de cores e tons únicos parecia lembrarmo-nos de que o passado não é apenas memória estagnada, mas vida que persiste, adaptando-se e convivendo com o presente. A vegetação, com suas matizes que variam do dourado ao verde-escuro, funciona como uma trilha sensorial: você sente o peso da história no ar, ouve o sussurro das folhas que contam sobre secas e chuvas, percebe o cheiro terroso que se mistura com o ar quase marinho do agreste. Essa combinação de elementos naturais e construídos revela a complexidade de uma herança que merece ser estudada com cuidado e afeto.
Quero agradecer a cada participante desta expedição pelo compromisso com a preservação da memória regional. Charles Antiguidades trouxe aquela paixão por objetos que parecem falar por si, Seu Juarez e Rubiano acrescentaram muito nessa experiência, Williana trouxe a arte da fotografia para o registro emocional, Maxuel Rodrigues conduziu com a visão de quem sabe o que significa transformar lembranças em acervo público, e eu, John Wesley, sinto que esse trabalho só existe porque a curiosidade humana ainda busca entender de onde viemos para entender onde podemos ir. Este passeio ao casarão mais antigo do agreste pernambucano não encerra aqui. As imagens coletadas, as leituras do terreno e as observações da fauna e da flora locais ficarão, juntas, para compor o documentário que promete revelar não apenas a arquitetura, mas a vida que o casarão testemunhou ao longo das décadas. E, quem sabe, esse material inspire futuras leituras, estudos e, principalmente, o cuidado com o patrimônio de nossa região.
Se você acompanha o nosso trabalho, fique atento: em breve haverá capítulos, entrevistas e mais imagens que vão ampliar a visão sobre esse casarão que, apesar dos sinais do tempo, continua a nos convidar para a descoberta. O agreste pernambucano, com sua energia colorida e sua memória atenta, ainda tem muito a revelar. E nós estaremos aqui, com o coração aberto e o olhar atento, para registrar cada nuance dessa história que é de todos.
Parabéns John Wesley, excelente matéria. Vivemos realmente um dia incrível. Buscando a história por meio de , moedas , broches , pregos do ano de 1700 , buscamos por meio do detectorismo um dia verdadeiramente incrível. Parabéns a todos que estivemos presentes. Agradeço a dona Iracema , Presidente da Associação do Assentamento do Pereiro. Excelente parceria. E vamos buscar reunir forças para restaurar o casarão do Pereiro , Casarão da Fazenda Chatinha de Antônio Vieira de Melo.
ResponderExcluirMaxuel Rodrigues de Moraes Presidente do Museu do Homem do Campo, Presidente do Museu Jacques Borgonha de Molay, Nautonnier Grão Mestre da Nova Ordem de Cristo e Artista Plástico.